
Associação Internacional dos Exorcistas
NOTA SOBRE ALGUNS ASPECTOS DO MINISTÉRIO DOS EXORCISMOS
Roma, 6 de janeiro de 2025
Epifania do Senhor
INTRODUÇÃO
“Misericordia motus est” [1] é a atitude profundamente cristã que vem do coração do Bom Samaritano para com aquele que, tendo caído nas mãos de bandidos, é deixado a morrer numa estrada que vai de Jerusalém a Jericó [2] . A partir desta página evangélica, a Igreja sempre deu grande importância às Obras de Misericórdia espirituais e corporais [3] , lembrando que somos chamados a medir-nos com a efetiva implementação delas como prova da nossa caridade [4] . Entre as diversas formas de aplicação das obras de misericórdia, é dada especial atenção ao Ministério do Exorcismo, através do qual a Igreja quer, a exemplo do Bom Samaritano, derramar “azeite e vinho” (Lc 10,34) sobre as feridas de quem se encontra experimentando, entre tantas formas de sofrimento, algum tipo de tormento devido à ação extraordinária do Maligno. O ensinamento de Cristo e do Magistério da Igreja, que ilumina sempre a vida dos fiéis, permite-nos compreender quais devem ser as atitudes que não correspondem plenamente a um correto exercício da delicada tarefa do Sacerdote Exorcista [5] .
OBJETIVOS DESTA NOTA
Com esta nota pretendemos oferecer os esclarecimentos necessários para bem operarmos na concessão da misericórdia divina através do Ministério do Exorcismo. Não serão aqui apresentados os critérios para estabelecer as condições para a implementação do Exorcismo Maior e nem as “Diretrizes” deste delicado Ministério [6], mas serão simplesmente oferecidas observações sobre algumas práticas pastorais que, em vez de prestarem um serviço ao corpo ferido de Cristo, aumentam o sofrimento e provocam desorientação, observações que os fiéis (clérigos, consagrados e leigos) deveriam conhecer para evitar atitudes e métodos que não correspondam à autêntica atuação de Cristo Senhor, modelo para qualquer um que exerça o ministério de libertação da ação extraordinária do Maligno [7].
LICENÇA DO ORDINÁRIO
Nos últimos anos, aumentou o número daqueles que, duvidando ou convencidos de serem vítimas da ação extraordinária do demônio em uma de suas diversas formas (vexação, obsessão, possessão ou infestação diabólica), vão em busca de exorcistas. Às vezes, porém, esta crença é apoiada por pessoas que, sem possuir qualquer preparação específica na matéria [8] e sem mandato do Ordinário competente [9], agem de forma inadequada causando confusão no povo de Deus, especialmente naqueles que, devido à sua a simplicidade, à situação de sofrimento em que se encontram e, em alguns casos, à superstição da qual são vítimas, parecem mais frágeis. Isto não significa absolutamente negar que existam situações que exijam a intervenção do Ministério de Exorcismo que Cristo confiou à sua Igreja, mas que exige um discernimento definitivo sobre uma verdadeira ação demoníaca extraordinária, nas diferentes formas com que pode manifestar-se, àqueles que possuem a formação necessária e atuam por mandato da autoridade eclesiástica.
CRISTO, ÚNICO E EXCLUSIVO EXORCISTA
Deve-se lembrar que o Ministério do Exorcismo é sempre administrado em nome e por conta da Igreja e que o exorcista atua como Ministro de Cristo (o único que tem, em Si mesmo, autoridade sobre todos os demônios) e da Igreja. O exorcista, com o seu serviço eclesial, “se faz próximo”, “cura as feridas” causadas pela ação extraordinária do demônio, derramando o óleo da consolação e o vinho da esperança, assume a sua aflição na oração, caminhando ao lado das famílias e amigos daqueles que sofrem; leva-o “para uma hospedaria” (Lc 10,34), imagem da Igreja de Cristo, e cuida dele, pagando com as suas próprias orações a libertação implorada [10]. Como em toda ação litúrgica, é a Igreja quem age: “Quando não está presente uma assembleia, por pequena que seja, de fiéis, presença exigida pela sabedoria e pela prudência, o exorcista não deve esquecer que já na sua pessoa e na dos fiéis atormentados pelo Maligno, a Igreja está presente. E lembrem-se disso também os fiéis atormentados pelo Maligno” [11]. O exorcista, na consciência de que atua como Ministro de Jesus Cristo, em nome da Igreja, entende que, como novo João Batista, deverá evitar qualquer forma de protagonismo: “Ele deve crescer. Eu, porém, diminuir” (Jo 3,30).
PRÁTICAS INCORRETAS
Tendo em conta as observações anteriores destinadas a demonstrar o significado e o espírito desta nota, lembrando que possíveis erros no exercício do Ministério do Exorcismo são cuidadosamente discutidos nas referidas Diretrizes e a partir da experiência e preocupação legítima de alguns, a Associação Internacional dos Exorcistas considera oportuno oferecer dez esclarecimentos a fim de iluminar algumas situações que merecem ser julgadas.
- Desaprovação da improvisação e do sensacionalismo
Criticamos a atitude de alguns sacerdotes, consagrados e fiéis leigos que, carentes de formação adequada e de mandato episcopal, em vez de encaminharem casos de possível Ação Extraordinária do Maligno a quem recebeu um mandato específico e expresso do Bispo diocesano, se dirigem de forma arbitrária a caminhos de libertação, não autorizados pela autoridade eclesiástica competente. Mais grave ainda é quando dissuadem os fiéis de recorrerem ao exorcista oficial da sua diocese, sugerindo que procurem outras figuras de exorcistas consideradas “mais poderosas” ou que apoiem a ideia de uma alegada ação demoníaca extraordinária por eles identificada. - Centralidade do Evangelho
É deplorável que alguns, em vez de anunciarem o Evangelho de Jesus Cristo que liberta o homem da escravidão do mal e do pecado, concentrem a sua atenção exclusivamente na presença e na obra do diabo. Estas pessoas, em vez de acompanharem os sofredores num caminho de fé, de oração, de vida sacramental e de caridade, recordando-lhes que “spes non confundit” (Rm 5,5), a esperança não decepciona, levam-nos a acreditar que a libertação depende unicamente de uma atitude compulsiva de orações e de bênçãos [12], quando, pelo contrário, a paz que vem de Cristo e que todos anseiam só pode ser obtida através de uma vida de caridade, alimentada pela Palavra de Deus, pela oração, pela frequentação dos sacramentos da Eucaristia e da Confissão e de uma devoção autêntica à Virgem Imaculada. - Negligente Discernimento
Alguns padres, às vezes infelizmente até alguns exorcistas, negligenciando o discernimento sério e rigoroso prescrito pela Praenotanda do Rito dos Exorcismos [13], utilizam critérios estranhos à fé católica, validando conceitos de origem esotérica ou new age [14]. Esta abordagem é inaceitável e contrária à fé e à doutrina da Igreja [15] - Práticas supersticiosas, uso impróprio das “res sacrae (realidades sagradas)”
São culpáveis aqueles que usam procedimentos supersticiosos, pedindo fotos ou roupas para reconhecer possíveis males, tocando determinados pontos do corpo dos fiéis para “diagnosticar a presença de entidades malignas” ou para “expulsar a negatividade”, ou sugerindo o uso indevido de res sacrae (água benta, sal, óleo, etc.), que alguns chamam de “exorcizados”. São atitudes erroneas, que alimentam mentalidades e práticas supersticiosas, prejudicam a dignidade do corpo, templo do Espírito Santo, e conduzem a um uso mágico dos objetos abençoados, privando-os, de fato, do real significado que pretende evocar a presença salvífica do Cristo. - Envolvimento de personagens inadequados
É inaceitável que alguns sacerdotes ou agentes pastorais colaborem com os chamados “médiuns” ou supostos carismáticos, direcionando a eles os fiéis sofredores, em vez de os colocarem em contato com aqueles que receberam um mandato específico e expresso do Ordinário local para exercer o Ministério do Exorcismo. Pior ainda quando é o próprio exorcista diocesano quem delega a estes personagens a tarefa que a Igreja lhe confiou, ou seja, a do discernimento com autoridade de uma verdadeira ação demoníaca extraordinária, à qual se acrescenta, em alguns casos, o deixar-se ser guiado por eles para “libertar” do maligno as pessoas sofredoras. Este comportamento é alheio à natureza do Ministério conferido ao exorcista, que exige assumir a responsabilidade pelo sofrimento dos outros e não omitir pessoal, regular, escrupuloso e, em alguns casos, longo tempo de discernimento necessário para verificar a possível ação extraordinária do diabo e o posterior e exigente acompanhamento daqueles que são verdadeiramente vítimas. - Exclusão das ciências médicas e psicológicas
No discernimento, o exorcista, além dos critérios tradicionalmente seguidos para identificar casos de ação extraordinária do demônio [16], pode valer-se do compartilhamento com exorcistas de experiência consolidada e, em alguns casos, do conselho de pessoas especialistas em medicina e psiquiatria. O ministério do exorcismo, como todo sacramental, está a serviço do homem. Não podemos, portanto, excluir a priori a consulta às ciências psicológicas e psiquiátricas, e das outras disciplinas positivas, que em alguns casos podem ajudar na compreensão da origem de males que não são necessariamente de origem sobrenatural. Esta atitude não só é enganosa, como também expõe as pessoas a riscos desnecessários, desperdiçando a contribuição às vezes decisiva das modernas disciplinas médicas e psicológicas. - Declarações precipitadas e nocivas
A ansiedade de querer a todo custo identificar uma ação demoníaca extraordinária como causa desencadeadora de uma situação de sofrimento cuja origem se desconhece, tendo omitido um prévio discernimento sério, além de ser inútil, pode gerar danos. Também neste caso as Diretrizes desenvolvidas pela Associação Internacional de Exorcistas, cuja leitura e estudo recomendamos, representam uma excelente ajuda e uma referência imprescindível [17]. - Malefícios
Sem negar a existência real da prática de malefícios, infelizmente mais difundidos na sociedade atual do que se possa imaginar [18], rejeitamos a atitude fóbica de quem vê nos malefícios a origem obrigatória de todos os males e infortúnios que podem atingir a vida de uma pessoa. Além disso, o bom senso e a experiência ensinam que mesmo quando um mal poderia ter sido realmente causado por uma maldição, concentrar-se na sua identificação e dizer às pessoas que são vítimas dele não é apenas inútil e irrelevante para os propósitos de libertação, mas pode ser prejudicial às vítimas, gerando suspeitas sobre os supostos instigadores ou autores que praticaram tal maldade e derramando sobre. eles sentimentos de ódio, como bem explicam as Diretrizes [19]. No que diz respeito a este importante assunto, reiteramos que é necessário, em vez disso, centrar a atenção nos remédios da graça oferecidos pela Igreja e no caminho cristão a seguir, lembrando que é fundamental ensinar a quem sofre:
• A certeza da fé de que Deus não abandona a sua criatura que está em provação, mas que de alguma forma sofre com ela e ao mesmo tempo a sustenta e conforta com a sua graça;
• A convicção de que todo sofrimento causado por qualquer mal pode nos afetar na vida, se aceito com amor e oferecido a Deus, transforma o mal em bem. Com efeito, “o peso momentâneo e leve da nossa tribulação nos proporciona uma quantidade imensurável e eterna de glória” (2Cor 4,17), enquanto completamos na nossa carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja (ver Colossenses 1,24). - Cura Intergeracional (cura da árvore genealógica)
Embora animados pelas melhores intenções e com o desejo de aliviar o sofrimento das pessoas, alguns padres e até alguns exorcistas realizam a prática da chamada cura intergeracional, como condição indispensável, sem a qual não pode haver uma cura ou libertação, sem perceber os danos que daí resultam para a sua fé e a das pessoas, bem como as consequências que estas podem sofrer a nível existencial. Vários Ordinários e Conferências Episcopais locais já intervieram nesta área, apresentando as razões doutrinais que demonstram como esta prática não tem fundamentos bíblicos e teológicos. Entre esses posicionamentos, fazemos referência especialmente à mais recente, da Conferência Episcopal Espanhola [20] - Banir o medo
O exorcista deve levar os fiéis atormentados a receberem a paz que vem de Cristo. Por isso deve ser o primeiro a ser habitado por esta paz, rejeitando toda forma de temor e educando aqueles que ele acompanha com o seu Ministério a lutar contra isso. O medo, de fato, seja qual for o motivo que o causa, quando cultivado leva ao enfraquecimento da fé e à perda da confiança em Deus. O diabo usa-o para reduzir o homem à escravidão (cf. Hb 2,14-15), enquanto na Bíblia o convite de Deus a não ter medo ressoa pelo menos 365 vezes. Um sacerdote que tiver medo do diabo no exercício do seu Ministério ou na sua vida quotidiana não poderia exercer o Ministério de Exorcista sem se expor a graves perigos para a sua vida espiritual, sobretudo se, em vez de cultivar a confiança e o abandono total de si mesmo nas mãos misericordiosas de Deus, tentar lidar com esse medo através de práticas mais ou menos supersticiosas.
A SOCIEDADE ATUAL
A mutável e complexa realidade social em que se exerce o Ministério do Exorcismo, tendo em conta o panorama claramente definido como líquido [21], está carregada do peso de apresentações cinematográficas que contribuem para uma ideia sombria, perturbadora e temerosa do sacramental do exorcismo: as máscaras deploráveis do horror fomentam, desta forma, uma visão muito assustadora da ação extraordinária do diabo. Por isso é necessário investir na formação dos Clérigos, dos Consagrados e dos Fiéis Leigos, para não se verem caminhando por caminhos perigosos que os levariam a encontrar-se “nas mãos de bandidos” (Lc 10,30) [22]. Todos podemos ver como os sucessos cinematográficos na divulgação de produtos de qualidade duvidosa alimentam uma curiosidade doentia pelo sobrenatural; e às vezes isto é causado por falta de equilíbrio por parte daqueles que, pelo contrário, deveriam ser “exemplos para o rebanho” (1Pd 5,3).
A ARTE DO ACOMPANHAMENTO
Neste sentido “a Igreja deverá iniciar os seus membros – sacerdotes e leigos – nesta arte do acompanhamento, para que todos aprendam sempre a tirar as sandálias diante da terra sagrada do outro” [23]: isto significa carregar o outro e conduzi-lo ao Divino Anfitrião a exemplo do Bom Samaritano que não deixa de se preocupar com o infeliz, mas cuida dele pagando tudo o que for necessário para sua salvação (ver Lucas 10,35), e o preço é a Cruz de Cristo. A principal tarefa de cada exorcista será, portanto, fornecer paz e esperança, evitando qualquer gesto ou
comportamento que cause confusão e alimente o medo, conforme o convite do Apóstolo: “tornai-vos meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1Cor 11,1).
OS SANTOS: MESTRES E MODELOS
A Igreja, reconhecendo a santidade heroica de sacerdotes que, como mestres e modelos, nos precederam no caminho do Paraíso, transmite ensinamentos dos quais devemos nos apropriar. Entre muitas e santas figuras de sacerdotes exorcistas, recordamos aqui São Vicente Pallotti [24], a quem a Rainha dos Apóstolos teria dito: “Quero ensinar-te, ó filho, uma doutrina quase desconhecida no mundo, ou pelo menos pouco considerada: toda ação, precisamente porque feita no Eterno Verbo Encarnado, adquire graus de dignidade incompreensíveis na sua Igreja; aprenda, portanto, a conhecer cada vez mais a sublimidade do Ofício de Exorcista, justamente porque este Ofício foi exercido pelo próprio Divino Redentor [25]”.
A SUBLIMIDADE DA TAREFA DO EXORCISTA
Lembrem-se os sacerdotes chamados ao Ministério do Exorcismo que, assim como o Senhor Jesus não quis eximirse de ser tentado, também eles estão sujeitos à ação ordinária do demônio, ação que não pode ser superada sem grande fé e humildade profunda. Que lhes sirva de exemplo o fundador dos Palotinos, o qual, na ocasião de um exorcismo sobre um santo sacerdote que, depois de se dedicar por muito tempo e fecundamente à pregação de missões populares, sofreu também a ação extraordinária do demônio durante 13 anos [26], escreveu esta oração: “Não eu, mas Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo ordena, ó diabo, a ti e aos teus companheiros que não subestimem nenhuma ordem. Não farás nenhum mal a este amado servo de Deus A.G.; não o impedirás de qualquer exercício de piedade e não falarás a menos que sejas questionado”. Esta oração manifesta, ao mesmo tempo, a grande humildade do sacerdote romano – que todo exorcista deve fazer sua – e a robusta confiança na Trindade Santíssima.
O MAIS POBRE ENTRE OS POBRES
Na apresentação do Rito dos Exorcismos pela Conferência Episcopal Italiana é lembrado que “o fiel que pede o exorcismo é um membro da comunidade, um daqueles membros que a comunidade deve amar com um amor preferencial: quando está no poder do Maligno, de fato, é o mais pobre entre os pobres, necessitado de ajuda, de compreensão, de consolo. O Ministério do Exorcista, portanto, além da libertação, é também um Ministério da Consolação” [27]. Por isso, lembrando as palavras de São João da Cruz de que “ao final sereis examinados sobre o amor”, o exorcista não pode deixar de se guiar por estes sentimentos para com os irmãos que vivenciam esta extraordinária forma de sofrimento, para que a eles e ao mundo “seja dado testemunho da presença de Cristo Salvador, que venceu todo poder inimigo da vida” [28].
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[1]“Teve compaixão” (Lc 10,33)
[2] Cf. Lc 10,30-37.
[3] “As obras de misericórdia são ações de caridade com as quais ajudamos o próximo nas suas necessidades físicas e espirituais (Is 58,6-7; Hb 13,3). Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, assim como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem em particular em alimentar os famintos, em acolher os sem-teto, em vestir os necessitados, em visitar os doentes e os presos, em sepultar os mortos (Mt 25,31-46). Entre estas obras, a esmola aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna: é também uma prática de justiça que agrada a Deus (cf. Mt 6,2-4): “Quem tem duas túnicas, dê uma. para ele não tem nenhum; e quem tiver o que comer faça o mesmo” (Lc 3,11). “Dai antes como esmola o que há em vós, e tudo vos será puro” (Lc 11,41). “Se um irmão ou uma irmã estiver sem roupa e sem alimento diário, e um de vocês lhe disser: ‘Vá em paz, aqueça-se e sacie-se’, mas não lhe dá o necessário para o corpo, de que adianta?” (Tg 2,15-16). (1 Jo 3,17)”: Catecismo da Igreja Católica n. 2447.
[4] Cf. Mt 25,31-46.
[5] De agora em diante, o termo exorcista significa o sacerdote a quem o ministério de exorcista é confiado pelo Ordinário local, normalmente o Bispo diocesano, conforme estabelecido pela CIC, núm. 1172, § 1.
[6] Sobre este importante ponto, consulte: Associação Internacional dos Exorcistas, Diretrizes para o ministério do exorcismo à luz do ritual atual, Ed. Messaggero, Padova 2019, de agora em diante se chamará Diretrizes.
[7] Nem é intenção desta nota elencar os muitos episódios evangélicos que testemunham como o Senhor Jesus combateu a ação do diabo.
[8] Rituale Romanum ex decreto Sacrosancti Oecumenici Concilii Vaticani II instauratum auctoritate Ioannis Pauli PP. promulgatum. De Exorcismis et Supplicationibus quibusdam, Editio Typica emendata, Ed. Typis Vaticanis 2004, n. 13, citado de agora em diante com a sigla “DESQ” seguida pelo relativo número.
[9] Cf. CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO cân. 1.172, §1º, citado abaixo com a sigla CIC seguida do cânon relacionado.
[10] Cf. Lc 10,33-35.
[11] DESQ n. 34, b.
[12] O Catecismo da Igreja Católica, no núm.1078, afirma: “A bênção é uma ação divina que dá vida e da qual o Pai é a fonte. A sua bênção é palavra e dom (“bene-dictio”, “eu-logia”). Referindo-se ao homem, este termo significará adoração e entrega de si mesmo ao Criador em ação de graças”. O significado que o Catecismo da Igreja Católica oferece de bênção é esclarecedor para o nosso propósito: algo que dá vida, que vem do Pai. Unindo os conceitos de palavra e dom, somos ajudados a compreender que o ministério do exorcismo exercido através da palavra é um dom do Pai: “Se, pois, vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais faz o vosso Pai que está nos céus, ele dará coisas boas aos que lhe pedirem” (Mt 7,11)
[13] DESQ nn. 14-17.
[14] Expressões como abrir e fechar chakras, eliminar negatividade, usar ou aniquilar energias positivas ou negativas, corpo astral, bolha mística, etc., não pertencem à linguagem litúrgica nem mesmo teológica, mas são resultados de crenças, superstições e filosofias contrárias à religião católica.
[15] Os pronunciamentos magisteriais que condenam abertamente a prática da new age e das doutrinas esotéricas são muitos. A este respeito, consulte o site web do Dicastério para a Doutrina da Fé.
[16] Diretrizes, cap. XII-XIII.
[17] Diretrizes, cap. V.
[18] Idem, n. 86-89, pag. 65-67.
[19] Idem, cap. VI, par. 106 a, b, c.
[20] CONFERÊNCIA EPISCOPAL ESPANHOLA – COMISSÃO EPISCOPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, “Sua a misericórdia se estende de
geração em geração” (Lc 1,50). Nota doutrinal sobre a prática da “cura intergeracional”, 1 de novembro de 2024
[21] Cfr. BAUMAN Z., Modernidade líquida, Ed. Laterza, Roma, 2011.
[22] Destacamos o documentário patrocinado pela Associação Internacional de Exorcistas: Libera nos. O triunfo sobre o mal, com o qual tentamos corrigir esta tendência do mundo cinematográfico. Ao entrevistar padres exorcistas, estudiosos da Bíblia, teólogos, liturgistas, canonistas, psiquiatras e com algumas cenas de exorcismo inteiramente reconstruídas cinematograficamente com base em acontecimentos reais, esta obra pretende ser uma ferramenta de divulgação útil para todos os fiéis, leigos e sacerdotes, para fazer compreender o que é o exorcismo à luz da verdade evangélica e do Magistério da Igreja Católica.
[23] PAPA FRANCISCO, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Roma, 24 de novembro de 2013, n. 169.
[24] São Vicente Pallotti, nascido em Roma em 21 de abril de 1795 e falecido em Roma em 22 de janeiro de 1850, foi sacerdote e fundador da Sociedade
do Apostolado Católico, proclamado santo pelo Papa São João XXIII em 1963.
[25] AMOROSO F., San Vincenzo Pallotti romano, Ed. San Paolo, Cinisello Balsamo, Milão 2004, p. 48.
[26] Este fato narrado na vida de São Vicente Pallotti recorda-nos que a ação extraordinária do demônio nem sempre é causada pela própria responsabilidade; em alguns casos, como neste, é a infinita Providência Divina que permite tal sofrimento, oferecido como ato de reparação, com o objetivo de um bem maior. No acontecimento aqui narrado, as crônicas da época relatam como o demônio, durante o exorcismo, aproveitou o tempo para destacar os abusos cometidos pela hierarquia, pelos religiosos e pelo povo, para poder emendar-se e mudar de vida (Ver AMOROSO F., San Vincenzo Pallotti, Ed. San Paolo, 2004, p. 49.
[27] CONFERÊNCIA EPISCOPAL ITALIANA, Rito de exorcismos e orações para circunstâncias particulares, Ed. Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano 2001, n. 16.
[28] Idem, n. 17.